A defesa dos assessores do deputado André Janones (Avante-MG), indiciado pela suposta prática de “rachadinha” no seu gabinete, dissse que a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsável pelos próximos andamentos da investigação, “certamente” vai propor o arquivamento do caso. Além do parlamentar, a quem a Polícia Federal atribuiu os crimes de associação criminosa, peculato e corrupção passiva, dois assessores seus também foram implicados no caso — Alisson Alves Camargos e Mário Celestino da Silva Júnior. Os dois foram vinculados aos crimes de associação criminosa e corrupção passiva.
De acordo com os advogados Flávio Roberto Silva e Rodrigo Ribeiro Pereira, que defendem os dois assessores, houve ampla colaboração com a PF e o relatório final de indiciamento é “contraditório, fundando em ilações e meras deduções, sem nenhuma prova segura do envolvimento dos investigados em prática ilícita”. “A defesa acredita que a Procuradoria-Geral da República, após analisar o referido inquérito, certamente irá propor o seu arquivamento, como sempre fez em situações semelhantes”, diz a nota enviada à reportagem pelos advogados.
No dia 12 de setembro a Polícia Federal concluiu a investigação. Segundo a corporação, depois da reunião em que o parlamentar pediu que os assessores devolvessem parte dos seus salários para custear despesas de campanha, Camargos começou a fazer sucessivos saques de 1.500 reais em espécie, logo que seu salário caía na conta, o que seria um “padrão comportamental” típico das rachadinhas.
Por outro lado, Silva Júnior teria emitido um cartão de crédito adicional, em nome de Janones. As despesas desse cartão batem com agendas e locais frequentados pelo deputado e as faturas eram pagas pelo assessor. Para a PF, os valores que foram pagos a título de faturas de cartão de crédito superam em mais de 240 mil reais a renda declarada por Silva Júnior. Além disso, a corporação afirma que Janones pediu o reembolso dessas despesas à Câmara de Deputados depois.
Reportagem de VEJA na edição desta semana mostra que o indiciamento pela PF deixou Janones como um aliado incômodo para a esquerda e para o governo Lula, a quem ajudou na campanha eleitoral de 2022, quando travou a guerra suja com o bolsonarismo nas redes sociais. Nenhum líder do governo ou da esquerda saiu em defesa de Janones após a divulgação do relatório policial — leia a matéria aqui.